Lendas
de Ogum
Ogum lutava sem cessar contra os reinos vizinhos. Ele trazia sempre um rico espólio em suas expedições, além de numerosos escravos. Todos estes bens conquistados, ele entregava a Odúduá, seu pai, rei de Ifé.
Ogum continuou suas guerras.
Durante uma delas, ele tomou Irê e matou o rei, Onirê e o substituiu pelo
próprio filho, conservando para si o título de Rei. Ele é saudado como Ogum
Onirê! - "Ogum Rei de Irê!"
Entretanto, ele foi autorizado a
usar apenas uma pequena coroa, "akorô". Daí ser chamado, também, de
Ogum Alakorô - "Ogum dono da pequena coroa".
Após instalar seu filho no trono
de Irê, Ogum voltou a guerrear por muitos anos. Quando voltou a Irê, após longa
ausência, ele não reconheceu o lugar. Por infelicidade, no dia de sua chegada,
celebrava-se uma cerimônia, na qual todo mundo devia guardar silêncio completo.
Ogum tinha fome e sede. Ele viu as jarras de vinho de palma, mas não sabia que
elas estavam vazias. O silêncio geral pareceu-lhe sinal de desprezo. Ogum, cuja
paciência é curta, encolerizou-se. Quebrou as jarras com golpes de espada e
cortou a cabeça das pessoas. A cerimônia tendo acabado, apareceu, finalmente, o
filho de Ogum e ofereceu-lhe seus pratos prediletos: caracóis e feijão, regados
com dendê, tudo acompanhado de muito vinho de palma. Ogum, arrependido e calmo,
lamentou seus atos de violência, e disse que já vivera bastante, que viera
agora o tempo de repousar. Ele baixou, então, sua espada e desapareceu sob a
terra. Ogum tornara-se um Orixá.
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